Há algum tempo o mercado imobiliário vive uma boa fase. Depois de estagnação do setor durante décadas, uma série de fatores fez com que o segmento passasse por forte expansão. Entre eles a redução das taxas de juros, o aumento do crédito imobiliário, o crescimento da renda e o bom momento da economia brasileira. Em pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e divulgada este ano, foi apontado que a valorização dos imóveis novos nas principais cidades do país continua crescente, chegando a 14%.

Uma das explicações para o fenômeno envolve a crise mundial, como acreditam especialistas. A informação é do diretor-presidente da Conartes Engenharia, José Francisco Cançado. “Essa situação gera falta de confiança do consumidor e a preocupação com o alto endividamento dos países ricos. No Brasil, o que vemos, ao contrário, é uma situação extremamente favorável para o mercado imobiliário”, diz.

Com o setor aquecido, a compra de imóveis residenciais para moradia ou até mesmo para investimento se apresenta como opção segura e atrativa para quem teme as incertezas do mercado financeiro e planeja complementar sua renda, como acredita Cançado. “O setor está com uma boa taxa de rentabilidade, seja por aplicação em fundos imobiliários, compra, venda ou aluguel do produto.”

O empresário acrescenta como ponto favorável o fato de o Banco Central passar, atualmente, por um ciclo de redução das taxas de juros, o que é positivo para o mercado imobiliário. Ainda segundo José Francisco, a desoneração de impostos de produtos, como o IPI, é um dos fatores que aquecem o setor. “Estamos recebendo incentivos no setor da construção e isso faz com que a demanda por imóveis continue muito forte”, acrescenta.

Aliado a isso, a demanda reprimida em relação à aquisição de imóveis, principalmente por parte da população de baixa renda, contribui para que eles não se desvalorizem, como acrescenta o vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins. “Além disso, em um passado recente – 10, oito anos atrás –, havia juros reais de mais de 1% e o imóvel rendendo 0,5%. Hoje há uma inversão. O imóvel é visto como um porto seguro de valorização e também de renda.”

Tido sempre como um investimento conservador, já que é mais seguro e rentável a médio e longo prazo, o negócio imobiliário assumiu há pouco tempo novas perspectivas em relação à alta valorização, como contextualiza o diretor da Greenvalle Construtora, Luiz Jorge Ribeiro. “Dessa maneira, esse tipo de investimento deixou de ser apenas de conservadores e ganhou como adeptos investidores mais arrojados. No entanto, o aumento de seu valor atualmente tem mais a ver com o período de estagnação pelo qual passou o mercado imobiliário por longo período”, avalia.

A empresária Ericka Viviane Vieira Franco de Abreu é uma das pessoas que têm aproveitado o bom momento do mercado para investir. “Sou proprietária de um imóvel novo da Somattos e tenho outros empreendimentos que adquiri quando ainda estavam na planta. O imóvel novo é um ótimo investimento porque, além da valorização, evita maiores problemas como reformas e depreciações. Outro benefício de adquirir um apartamento novo, principalmente na planta, são as melhores formas de financiamento”, justifica.

Demanda mantém mercado aquecido
Déficit habitacional do país e nichos muito variados de consumidores, segmentando os empreendimentos, são algumas das razões para fazer com que investimento valha a pena

Nem mesmo a queda apresentada em 2012 alterou as perspectivas otimistas em relação ao investimento em imóveis. Isso porque o mercado imobiliário brasileiro apresenta uma alta acumulada nos últimos anos, fazendo com que a valorização dos empreendimentos continue crescente, de acordo com José Francisco Cançado, da Conartes.

Prova disso é que, segundo o empresário, o país subiu 24 posições no ranking global de preços e agora se encontra em 40o lugar, com valorização de 81%, como aponta pesquisa da Fipe e da Global Property Guide. “O Brasil apresentou números muito superiores ao de outros países da América do Sul, como a Argentina, que tem uma economia parecida mas cresceu apenas 22%”, cita Cançado.

O vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, Lucas Martins, completa dizendo que este ano os imóveis e o dólar foram os únicos investimentos que superaram a inflação. “Assim, muita gente tem comprado para alugar e alguns adquirem o bem na planta para vender depois de pronto. Não há um perfil de investidor. Minha percepção é de que enquanto tivermos juros baixos e crédito, esse negócio vai continuar sendo um bom investimento.”

Para o diretor da Greenvalle Construtora, Luiz Ribeiro, apesar de o boom do mercado imobiliário ter passado, ainda existe muita demanda, principalmente para nichos específicos de consumidores, em que os empreendimentos são segmentados. “Os riscos atuais e o baixo rendimento das aplicações fazem dos imóveis um investimento mais rentável e seguro. Esses investidores estão lucrando com a compra nos lançamentos (na planta) e a venda do imóvel entregue e finalizado”, completa.

O alto déficit habitacional brasileiro propicia um cenário promissor aos investidores, uma vez que a valorização imobiliária média ainda fica acima da média da rentabilidade dos investimentos conservadores e seguros do mercado, como reforça Cançado. “Atrelado a essa oportunidade, o amplo conhecimento do mercado imobiliário, suas particularidades, potencial de valorização e perspectivas de melhorias em infraestrutura, conhecimento dos novos polos e vetores de crescimento imobiliário é de suma importância para um assertivo investimento do empreendedor”, orienta.

De acordo com o diretor-executivo da Rede Imvista, Patrick Costa, esse crescimento ocorre devido à própria evolução dos índices econômicos. “O imóvel novo tende a se valorizar mais em curto prazo. Ele é, normalmente, vendido antes de estar pronto. Assim, quando o empreendimento é entregue, ele se valoriza em consonância com a região onde está inserido.”

E, com o passar do tempo, além de o imóvel normalmente aumentar de valor com base na correção natural dos índices da inflação, o investidor conta, pelo menos, com a garantia de ter o próprio imóvel. “Isso é resultado de um balanço do mercado chamado lei da oferta e da procura. Existem pesquisas que mostram que o déficit habitacional existente hoje no Brasil só será superado em 2027. Assim, esse déficit, aliado à lei da oferta e da procura, faz com que imóvel não caia de preço e se configure como um ótimo negócio para os investidores”, comenta Costa.

Três perguntas para…

Evandro Negrão de Lima Jr. 
Presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Construção Civil de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG)

1- Qual é a explicação para a valorização dos imóveis em 14%, apontada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)?

Uma série de fatores ocasiona a valorização dos imóveis. O custo de construção, que envolve mão de obra, equipamento e material, continua subindo. Além disso, a construção de imóveis de segmento econômico, com maior facilidade para pagamento, também contribui para esse crescimento. Como investir em imóveis é uma aplicação interessante, já que eles têm rendimentos acima da poupança, essa é uma das causas para o crescimento desse mercado. O imóvel vem se mostrando excelente investimento, pois sua valorização é superior ao de outras aplicações. É um ativo real, por sua natureza, de baixo risco. Segurança, rentabilidade e taxas de juros mais baixas também explicam esse fenômeno de crescimento.

2- Por que investir em imóveis continua sendo um excelente negócio? 

Porque confere maior rentabilidade do que aplicar no mercado financeiro. Enquanto nas aplicações financeiras o indivíduo recebe 7,5% ao ano, menos a inflação e o Imposto de Renda, o que representa um valor inferior a 0,6% ao mês, investir em imóveis confere cerca de 0,6% do valor do imóvel somado à correção da inflação. Dessa maneira, a liquidez e a segurança são maiores ao se investir em imóveis do que em aplicações financeiras. Por isso, o mercado imobiliário continua sendo um excelente negócio e deve permanecer em médio e longo prazos. Muitos investidores lucram com aluguéis que rendem, atualmente, cerca de 0,6% ao mês (segundo dados da pesquisa de aluguéis da CMI/Secovi-MG de maio) e na venda de imóveis que compraram, há alguns anos, por um menor valor.

3- Onde os imóveis apresentam maior valorização e quais são as perspectivas para os próximos anos? 

A Região da Pampulha é uma das mais valorizadas de Belo Horizonte. Investimentos em infraestrutura, como a Linha Verde, a duplicação das avenidas Antônio Carlos e Pedro I, além das obras realizadas para a Copa (como a reforma do Mineirão), fizeram com que a região se destacasse. O Vetor Norte, que inclui Vespasiano e Lagoa Santa, também valorizou acima da média. Entretanto, os imóveis valorizaram como um todo e devem continuar assim em médio e longo prazo, pois, como podemos observar nos últimos anos, a demanda continua grande. Além disso, as condições para financiamento também devem oferecer mais opções. Dessa maneira, o investimento deve permanecer em crescimento, já que é uma aplicação rentável.

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Post originalmente publicado em Lugar Certo.

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